sábado, 4 de abril de 2009

DO BLOG DO THAME

CHE PORNÔ

Ansioso para assistir ao filme “Che” e sabendo que tão cedo ele não chegará ao único cinema de Itabuna, resolvi apelar para a velha e boa pirataria, sempre solícita quando se trata de lançamentos.

Sabe-se lá porque, talvez o medo do paredón, mas o fato que o filme ainda não ganhou sua versão pirata.

A procura produziu ao menos um diálogo insólito com um camelô.

Perguntei se ele tinha o filme “Che” e ele respondeu:

-Quem?

-Che Guevara – expliquei.

Aí veio o tiro de metralhadora:

-Ah, é filme pornô! Não chegou ainda...

Digamos que faz lá um certo sentido. Afinal, entre as frases de antologia perpetradas por Guevara, uma começa com a expressão “hay que endurecer...”

O comandante Guevara, que impulsionou a indústria de camisetas mundo afora, ainda acaba levantando (ops!) a vendagem de Viagra, Cialis, Levitra e congêneres.
Postado por blog do Thame às 11:39 0 comentários

A OI É UMA M...

Há cerca de dois meses cometi a suprema estupidez de fazer a portabilidade no telefone celular, trocando a Vivo pela Oi.

Foi como se tivesse trocado o céu pelo inferno.

Sai de uma operadora com preço justo, sinal de qualidade e atendimento eficiente e cai numa que cobra tarifas que mais parecem assalto a mão armada, o sinal é horroroso e quando você precisa de atendimento a demora é tanta que acaba desistindo.

Quando a gente pensa que a OI não pode ser pior do que já é, eis que ela se supera.

Há quatro dias tento, sem sucesso, fazer a recarga no celular. O sistema simplesmente não reconhece o número. Com isso, fico impedido de fazer ligações.

Depois de duas visitas a lojas credenciadas da OI e incontáveis ligações em que passam a gente de máquina pra máquina numa repetição irritante, me informaram vagamente que o problema é justamente com os números que fizeram a portabilidade.

Não sabem informar quando a “falha operacional” será resolvida.

Eu, pelo menos, já sei o que fazer. Vou voltar correndo pra Vivo!

Ezequias, um mártir da irresponsabilidade

Ezequias Oliveira Santos viveu seus primeiros -e únicos- cinco anos de vida num lugar de nome sonoro, chamado Jóia do Almada, bairro da periferia de Coaraci, cidade do Sul da Bahia que conheceu seu apogeu quando um certo fruto valia ouro e que hoje enfrenta a decadência explícita, arrastada no vendaval que se seguiu a uma doença de nome quase obsceno chamada vassoura-de-bruxa.

A lei das probabilidades indica que Ezequias iria crescer e seguir sua vidinha sem sobressaltos na cidade em que nasceu. Uma daquelas vidas que passam ao largo de qualquer registro para a posteridade, mas nem por isso são menos dignas.

Com um pouco de sorte, quem sabe Ezequias poderia romper os limites de Coaraci, e alçar vôos mais altos.

Itabuna, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo. Outros países.

Ezequias poderia ser um professor, um médico, um advogado, um engenheiro, um arquiteto, um profissional liberal, um empresário.

Um político diferente, desses que se preocupam mais com o bem estar do povo do que rapinar os cofres públicos em benefício próprio. Tão raros que a gente precisa fazer um esforço sobre-humano para localizá-los.

Ezequias poderia dar um drible espetacular no destino e se tornar jogador de futebol, craque da Seleção, decidir uma Copa do Mundo de 2026 para o Brasil.

Ezequias, fadado pela ordem natural das coisas a ser apenas um sujeito comum, mas que poderia ser tanta coisa, não poderá ser mais nada, pelo simples fato de que é apenas uma criança enterrada num cemitério modesto, enquanto seus pais, familiares e amigos choram sua morte recente.

Ezequias é mais uma vítima da dengue, doença que assola o Sul da Bahia e que em sua forma hemorrágica já fez mais de duas dezenas de vítimas fatais.

Não, Ezequias não é vítima somente da dengue hemorrágica, o que por si só é grave, visto que esse tipo de doença ocorre basicamente porque os recursos na prevenção não são utilizados corretamente. Ou, para ser mais explícitos, são desviados.

Ezequias é também vítima de um tipo de irresponsabilidade que quase nunca é punida, um misto de omissão e descaso.

O caso de Ezequias beira o inacreditável, não fosse o setor de saúde pública pródigo em produzir coisas inacreditáveis.

Por três vezes ele foi levado por seus pais ao Hospital Geral de Coaraci. Por três vezes, os médicos diagnosticaram (?) amigdalite. Mandaram que a criança fosse levada para casa e medicada com remédio para inflamação na garganta.

Não era amigdalite.

Era dengue hemorrágica.

Na quarta e derradeira vez que foi levado ao hospital, não havia mais o que fazer.

Ezequias Oliveira Santos, 5 anos de idade, morreu sem poder descobrir o que havia além de Jóia do Almada.

Seu horizonte (ou a completa ausência dele) é um buraco no chão, um mergulho no desconhecido, que para alguns é o renascer para uma nova vida e para outros é o fim.

Seu horizonte é horizonte nenhum.

Mais do que estatística, Ezequias é um mártir.

Não propriamente um mártir da dengue, mas necessariamente um mártir da irresponsabilidade.

Ninguém será punido pela morte de Ezequias. Ninguém será punido por tantas e tantas mortes que poderiam ser evitadas.

PEDIR. NÃO PODE!

O governo de Bangladesh, na Ásia, descobriu um jeito sui generis de acabar com a mendicância.

O parlamento do país aprovou uma lei que determina que ser mendigo é ilegal.

Qualquer pessoa que for surpreendida pedindo dinheiro será detida por um mês, mesmo que a esmola seja para tratamento de doenças ou pra matar a fome.

Pobre, em Bangladesh, que trate de sumir do mapa. Se bem que, na pindaíba, se na prisão o sujeito tiver direito a café da manhã, almoço e jantar dá até pra encarar.

Se a moda pega, aqui em Itabuna vão fazer uma lei proibindo as pessoas de formarem longas filas nas unidades de saúde e hospitais.

Mesmo que por motivo de doença...

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