A Praia de Caípe, em São Francisco do Conde, amanheceu nesta quinta-feira, 16, tomada pelo óleo que vazou da Refinaria Landulpho Alves para o mar na manhã de quarta. A mancha preta se estendeu por mais de dois quilômetros, chegando até a foz do Rio Caípe, na Praia de Suape.
Durante todo o dia, homens contratados pela Petrobras trabalharam na retirada do óleo com ferramentas manuais e com mantas absorventes do óleo.
Nesta quinta, segundo nota da empresa, o trabalho de contenção do óleo prossegue no mar e em terra, e 150 pessoas das comunidades locais contratadas para colaborar com os serviços farão a limpeza da praia. A Petrobras informou ainda que continua monitorando a região com 10 embarcações do Centro de Defesa Ambiental e sobrevoos de helicópteros.
A extensão da mancha e o impacto visual na praia deixou pescadores, como Edeval Rezende Pereira, sem a certeza de se tratar de apenas 2,3 mil litros de óleo, conforme informou a Petrobras. “Não creio que tenha sido só isso. O estrago foi grande”, disse.
Ele teve redes de pesca danificadas e lamentou que o vazamento tenha ocorrido justamente quando a pesca começava a melhorar por ali. “Há quase um ano a pesca não estava prestando. Agora, que os peixes começaram a chegar vem esse vazamento”, falou. Ele disse que terá de esperar pelo menos uns oito dias para voltar a pescar e tentar encontrar os guaricemas e vermelhos graúdos de de novo.
As marisqueiras também estavam desapontadas com a situação, pois não poderão catar os mariscos dos quais dependem para sobreviver. Sônia Daltro dos Santos, 46 anos, lembrou que o prejuízo teria sido ainda maior se tivesse ocorrido antes da Semana Santa, período em que os produtos do mar são mais procurados.
Na localidade de Calmonte, as crianças juntaram siris mortos, que tinham os corpos cobertos pelo óleo escuro. Magali Alves da Paixão chegou a mostrar com a mão o óleo que ficou empoçado. “Olha para isso, que coisa triste”, disse ela.
Baía de Todos-os-Santos – De acordo com o biólogo Everaldo Queiroz, presidente da Sociedade Brasileira para a Educação Ambiental e Proteção dos Manguezais, “em águas abrigadas (como as da Baía de Todos-os-Santos), o tempo de degradação do óleo é maior, diferente de ambientes de maré aberta, quando ondas aceleram a degradação das substâncias”.
O biólogo explica que, com a decomposição do óleo, são liberados hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, uma substância de difícil assimilação pelos organismos atingidos.
Queiroz também informou que aquela região sofre de problemas crônicos provocados por vazamentos anteriores e que não há como estimar o tempo de purificação total do ambiente. “Caranguejos e moluscos que servem de alimento à população local estão contaminados e não devem ser consumidos”, afirma.
De acordo com a Petrobras, o acidente que provocou o vazamento de óleo para o mar ocorreu devido a falhas no bombeamento de resíduos para a Estação de Tratamento de Dejetos Industriais (ETDI). Fonte: Maiza de Andrade, do A TARDE Fotos Luciano da Matta/Agência A TARDE
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