Ex-Vera Cruz, o cantor Fábio Souza ganhou as telas da Rede Globo ao participar do reality Fama, gincana musical das tardes de sábado que revelou alguns nomes para o cenário nacional. Fábio Souza, baiano de Ibirapitanga, mas conhecido como o “ilheense”, esteve por lá e sagrou-se vencedor da edição de 2005. Ninguém conseguiu estourar com a “forcinha” do Fama. Nem Fábio, que tentou sucesso abandonando a linha pagode-axé e aderindo à música romântica. Essa aposta deu certo no programa da rede Globo. Fora das telas, não vingou. O cantor sul-baiano deixou de lado o romantismo e adotou o pagodão. É como vocalista da banda Pretubom que ele vem fazendo sucesso na Bahia e, agora, foi “redescoberto” para a mídia nacional por Caetano Veloso. Em seu blog, o cantor baiano diz que uma ‘música’ interpretada por Fábio Souza é “tudo de bom”. Confira a crítica elogiosa de Caetano na sua página Obra em Progresso. DO BLOG DE CAETANO VELOSO PRETUBOM PSIRICO FANTASMÃO PARANGOLE |
A melhor coisa do mundo é pagode baiano. Eu sempre achei que o Tchan ia dar em riquezas. Harmonia do Samba. O ensaio do Psirico. Um ensaio do Psirico é sempre o bicho. Colagem de performances com percussão preciosa. Aquela música do “cabelo fica massa, êta, fica massa”, do Pretubom é o que há de bom. Kuduros de Fantasmão e Márcio Vítor: sempra a volta à chula. Quem diria que a chula do Recôncavo seria revitalizada pelo carnaval criticamente desprezado das ruas da Bahia? “Pretos da nova geração”. “Empurra, Piatã!”. As mil variedades de tratamento de uma mesma célula ritmo-harmônica, como nos blues. Uma evidência de energia crescente. E Márcio Vítor ainda canta “Samba da Bênção” e “O que é que a baiana tem?” pra deixar claro que tem consciência da linhagem a que pertence sua música. Jorge Luis Borges escreveu que a piedade que o padre Bartolomeu de las Casas teve dos índios levou à escravização de negros africanos, o que nos deu os blues, Louis Armstrong, a habanera (avó do tango) e “a deplorável rumba ‘El manicero‘”. Sem sequer referir-se ao Brasil na sua lista do legado africano às Américas (o que é, em si mesmo, um escândalo), Borges exibe seu ódio pela canção que inspirou Caymmi em “O que é que a baiana tem” (onde Dorival mais expõe o parentesco com a música cubana que ele sempre disse que o samba da Bahia tem). Eu, que sempre adorei “El manicero” (mesmo antes de ouvi-la com Bola de Nieve), gozo ao ouvir as chulas estilizadas dos novos grupos de transpagode soteropolitano. Amada Exequiela, para que brasileiros e argentinos entendamos esse desprezo de Borges pelo Brasil, transcrevo aqui trecho do romance “Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, de Lima Barreto - escritor brasileiro do iniciozinho (eu amava quando se escrevia inìciozinho) do século 20: Lima Barreto era mulato e é o mesmo autor da obra-prima “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, que entrou na quase-discussão entre Gil e Heloisa. Alexei Bueno está errado quanto aos concretistas. Será que Luedy não leva em conta minha afirmação de que as regras também são criadas pela multidão, pela necessidade prática de se comunicar? E: o sucesso do professor Pasquale (que, aliás, diferentemente dos linguistas que o agridem, nunca disse mal de nenhum deles) e da professora Maria de Lourdes (a da Tarde) não é prova de que “eles, sim, é que jogam para a platéia”, mas de que “a platéia” está sedenta de saber sobre a engrenagem da língua. É um sucesso legítimo. O insucesso (popular!) dos linguistas é que nos leva a pensar quão esnobe é o igualitarismo deles. Adoro “Lígia” e creio que João canta a letra que Tom escreveu sozinho. Depois é que ele chamou Chico para refazê-la. Amo de qualquer jeito. E também acho legal a negação (”denegação”, diriam os freudianos). Acredito no que a irmã dele contou. Quando esses discos mais “sinfônicos” sairam, eu não fiquei muito atraído: era um ardoroso fã de “Brigas nunca mais”, “Saudade fez um samba”, “Outra vez”, “Se é tarde, me perdoa” - sentia pena de ver Tom parecer considerar menores essas maravilhas e querer ser Villa Lobos. Depois envelheci e até esse senão desapareceu. Mas ainda gosto mais desses sambinhas perfeitos. Embora neste momento goste mais ainda dos sambinhas imperfeitos ou mais-que-perfeitos dos grupos de transpagode baiano. |
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
CAETANO VELOSO É SÓ ELOGIOS PARA FÁBIO ‘PRETUBOM’
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